Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023 | Resumo: 1320-2 | ||||
Resumo:Surfactantes são compostos orgânicos anfifílicos, ou seja, possuem grupos hidrofóbicos e hidrofílicos em sua molécula. Essa característica permite que os surfactantes interajam bem com fibras lignocelulósicas, alterando suas propriedades significativamente. Isso melhora a afinidade da espécie vegetal para hidrocarbonetos e, consequentemente, aumenta sua capacidade de sorção em meio aquoso. Porém, surfactantes sintéticos apresentam elevada toxicidade aos organismos aquáticos, o que levanta preocupações ambientais. Para contornar esse problema, o presente estudo tem como objetivo produzir um biossurfactante a partir de um substrato inovador como alternativa de solvente para o tratamento de fibras de coco, a fim de serem utilizadas na remediação de petróleo derramado em ambientes marinhos. O biossurfactante foi produzido a partir da cepa de Bacillus subtilis UFPEDA 86 e resíduos agroindustriais de licuri (Syagrus coronata) como substrato, por cultivo submerso em incubadora orbital. O biossurfactante obtido, chamado surfactina, foi utilizado no pré-tratamento das fibras de coco residuais (Cocos nucifera). As fibras foram submetidas a várias análises, incluindo microscopia eletrônica de varredura (MEV), espectroscopia no infravermelho por transformada de Fourier (FTIR) e difração de raios-X (DRX), para compreender as alterações após o pré-tratamento. Testes de sorção em escala laboratorial, com simulação hidrodinâmica, foram realizados para avaliar a remoção do petróleo pelas fibras de coco in natura e tratadas com o biossurfactante. Os resultados mostraram que a produção do biossurfactante bruto com substrato de licuri foi de 3,95 g.L-1 em 24 horas de cultivo. O principal desafio no uso de substratos alternativos é encontrar uma matéria-prima que tenha alto valor nutricional para o microrganismo e que permita além do crescimento celular, a acumulação de produtos. Assim, o presente estudo obteve resultados superiores ao encontrado na literatura para produção nas mesmas condições, porém substratos diferentes. As fibras de coco tratadas com o biossurfactante apresentaram uma capacidade de sorção de 4,37±0,02 g.g-1, enquanto as fibras in natura alcançaram 2,91±0,24 g.g-1. Após o pré-tratamento dessa fibra com esse composto anfifílico, houve interação com os grupos polares e apolares presente na sua estrutura. A surfactina favoreceu a interação da fibra com o petróleo, aumentando os resultados de sorção. As análises realizadas nas fibras de coco após o pré-tratamento revelaram alterações em suas características, incluindo mudanças na estrutura cristalina, porosidade e rugosidade. Essas modificações melhoraram as propriedades morfológicas da fibra, o que aumentou sua capacidade de adsorção do petróleo. O estudo demonstrou que o biossurfactante produzido a partir do substrato de licuri é uma alternativa promissora para o pré-tratamento das fibras de coco, tornando-as mais eficientes como bioadsorventes de petróleo em ambientes marinhos. Essa abordagem contribui para reduzir a toxicidade de efluentes e redução de resíduos, alinhando-se a um modelo de bioeconomia circular. Palavras-chave: adsorção, bioadsorventes, biorremediação, petróleo, surfactina Agência de fomento:Programa de Recursos Humanos da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (PRH/ANP – PRH36/UFBA) e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). |